O desafio da superação da corrupção sistêmica
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Faltam 118 dias para 02/10. Hoje vamos avançar no desafio de analisar a superação do problema da corrupção sistêmica. Vimos três casos de enfrentamento, sendo o da Suécia bem-sucedido, ainda no século XIX, e os da Itália (final do século XX) e do Brasil (século XXI) malsucedidos.
Mungiu-Pippidi, cientista política romena, defende que qualquer expectativa de alteração do equilíbrio perverso das democracias particularistas, caso do Brasil, depende da força da sociedade civil. Concordando com as premissas de Alexis de Tocqueville, a autora parte do pressuposto que somente uma sociedade forte, e que sabe agir de forma coletiva, consegue resolver de fato seus problemas. O problema das democracias particularista é desenvolver formas eficazes para restringir o comportamento predador das elites – o que inclui agentes públicos e privados - em relação à apropriação desproporcional de recursos públicos, dentro e fora das regras do jogo.
Ela afirma quatro componentes que as sociedades contemporâneas que atingiram o nível de democracias universalistas apresentam: a) prevalência do universalismo ético, fundamentado em valores tais como justiça e honestidade; b) hábito generalizado de envolvimento em ação coletiva formal ou informal em torno de interesses, propósitos e valores compartilhados, gerando capital social; c) uma rede densa de associações voluntárias, formando uma sociedade civil capilarizada; e d) participação sustentável em movimentos sociais e envolvimento político das pessoas, inclusive dos meios de comunicação, gerando comportamentos cívicos.
Segundo a autora, somente a combinação virtuosa destes quatro fatores permite a superação de tendências em relação ao individualismo e ao personalismo que levam ao auto interesse e, no limite, à corrupção. Primeiro, dessa combinação emerge o compromisso com a superação da lógica personalista, tornando possível a lógica universalista se configurar como devir, como condição possível no futuro, enquanto processo institucionalizado. Essa perspectiva, ainda que devamos pensar em seus limites, é muito diferente uma mera promessa enganosa dos salvadores da pátria com discursos de combate aos corruptos, como muitas vezes acontece em contextos de promessas eleitorais.
Dessa forma, CUIDADO! Vamos reagir frente aos políticos irresponsáveis que utilizam o tema da corrupção como instrumento de manipulação da população, mas de forma totalmente inconsistente com a realidade do desafio.