Sociedade civil após a eleição 2022 – um projeto para 4 anos

A democracia brasileira foi a grande vencedora na eleição presidencial de 2022. E conseguiu sobreviver à tentativa de golpe em 8/1/2023, o que é muito importante! Porém, os riscos para o futuro são imensos. Ninguém duvida que a realidade perversa da política de troca de favores não se alterou, que a burocracia pública continuará ineficiente e que a corrupção permanecerá como a regra do jogo viável na interface mercado e estado. E mais, ninguém desconhece que esses problemas tornam o acesso ao bem comum inacessível a milhões de pessoas.

Difícil? Certamente. E essa dura realidade não é exclusiva do Brasil. Pouquíssimas democracias no mundo superaram esses desafios, como mostra o artigo “Corrupção e Estágio da Democracia”, neste Blog. Pior ainda, acompanhamento feito em 2022 pelo Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA) da Suécia, indica que o quadro da democracia está piorando no mundo e isso pode significar que a corrupção também.

De acordo com o último relatório do Instituto IDEA, metade das democracias em todo o mundo, ao invés de avançarem para democracias mais evoluídas, entraram em declínio. O número de países a nível mundial que avançam na direção do autoritarismo excede o dobro do número de países que avançam numa direção democrática. Esse é um tema que merece muito estudo. Se o Instituto estiver correto, há uma crise dramática horizonte que precisa ser vista, compreendida e enfrentada rapidamente.

Para o Instituto, seis causas explicam esse declínio da democracia: (1) enfraquecimento de resultados eleitorais credíveis; 2) restrições às liberdades e direitos individuais e coletivos; 3) desilusão dos jovens com os partidos políticos; 4) governantes desligados da realidade; 5) corrupção incontrolável; e 6) ascensão de partidos de extrema direita que polarizam a política. Nem há nem necessidade de um olhar muito atento para concluir que a democracia brasileira está em declínio e a sociedade doente, apertada em dificuldades concretas e atormentada por crenças que prejudicam e obscurecem a percepção e a capacidade de saídas coletivas.

O que fazer? Tal como acontece com o indivíduo que, diante de crises agudas, busca auxílio psicológico/psicanalítico para identificar e superar seus problemas, a sociedade civil precisa se dar ao trabalho de buscar compreender mais profundamente o que está em jogo e se perguntar sobre as reais causas e sobre possíveis soluções. Certamente não basta subir a rampa com um presidente. Quanto mais reflexão de qualidade tivermos, mais as respostas serão adequadas e, também, maior a resistência da consciência coletiva às tentativas de manipulação da sociedade civil por quem quer que seja.

Penso que, ao Brasil de 2023, vale o conselho do Secretário-Geral do Instituto IDEA, contido na comunicação do relatório 2022 (link a seguir): “nunca houve tanta urgência numa resposta das democracias, para mostrar aos seus cidadãos que são capazes de estabelecer contratos sociais novos e inovadores que unam as pessoas em lugar de as dividir.”

https://www.idea.int/sites/default/files/news/news-pdfs/IDEA_GSoD_2022_GLOBAL_PRESS_RELEASE-EMBARGOED_Portuguese.pdf

Assim, minha proposta é integrar um esforço concentrado de aproximar pessoas para criar uma resistência de sociedade civil contra os fatores que corroem democracia e aprofundam os riscos para o futuro. Existem bons exemplos mundo afora de pessoas que estão se organizando para além das estruturas partidárias tradicionais, com ações coletivas comprometidas com mudanças sócio-políticas profundas. Este blog e todos as minhas redes sociais, nos próximos 4 anos, prioritariamente, estarão com esse foco.

Convido todos vocês, das mais diferentes ideologias, para um diálogo aberto e comprometido com a construção coletiva de uma democracia mais evoluída no Brasil. Venha se engajar nessa luta tão necessária!

Conheçam meu Instagram (https://www.instagram.com/leiceg/), meu Facebook  e meu canal de Youtube (https://www.youtube.com/@leicegarcia2063/videos). Juntos, seremos mais fortes!

 

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