O medo como vetor eleitoral e a política pública como antídoto
30/7
Faltam 64 dias para 2/10. Em Berlin, em novembro de 2018, escutei de um cientista político que tudo indicava que a eleição no Brasil estava sendo decidida pelo medo. E ele disse ainda que o medo era um dos principais amigos da inconsciência. Por isso, a importância de saber mais sobre esse medo. E não é por outro motivo que tratamos do medo do comunismo e do medo da ditadura militar.
Acho que outro inimigo da consciência e da racionalidade em eleições é a necessidade, que é também face de vários medos. Hoje vamos analisar a necessidade das políticas compensatórias. Segundo os dados do Banco Mundial, o desemprego no Brasil, em 2021, estava no seu nível mais alto em 30 anos, atingindo 14.4 % da população. Em final de 2017, estava próximo de 13%. Segundo o IPEA, os mais atingidos são os jovens de 18 a 24 anos, extrato que o desemprego atinge mais de 24%, e os de ensino fundamental incompleto, no qual mais de 21% estão sem trabalho. E esse perfil não se alterou em 2022, dado que estamos andando de lado na economia.
https://databank.worldbank.org/reports.aspx?source=2&series=SL.UEM.TOTL.ZS&country=BRA
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/tag/desemprego/
Fácil imaginar o desconforto e o medo, nesse caso real, para essas pessoas. Na falta de trabalho, somado a problemas sócio-históricos para determinados segmentos, ganham espaços as políticas sociais compensatórias. Não vou de forma nenhuma me aliar à crítica fácil e preconceituosa daqueles que viram as costas para o mundo real e flertam com a violência, quando dizem que trabalhadores vão deixar de procurar trabalho, pois é mais fácil viver com dinheiro de governo.
Ao contrário, vou pesquisar sobre essas políticas nos próximos dias, mas para mostrar que elas não precisam ser vistas como políticas de um governo em particular. Elas devem e podem ser analisadas como políticas de Estado. Devemos nos perguntar, quais são as nossas garantias legais de que em situação de insegurança teremos aparo do Estado.
Você sabe o que são mínimos sociais e sabe que, pela nossa legislação temos esse direito garantido? Amanhã falaremos desse tema e das políticas compensatórias. O que precisamos é que a necessidade real de proteção social não se torne um inimigo da autonomia na hora do voto. Ótimo sábado!!