Ditadura e morte

29/7

Faltam 65 dias para 2/10. Foi com enorme dor no coração que há 3 dias li sobre a execução de 4 ativistas civis pró-democracia pela ditadura militar de Mianmar.  Uma coisa horrível.

De alguma forma essa dor está me atravessando e me travando, trazendo dores antigas e medos de que pensava estivesse curada. Como resultado só consigo pensar e refletir sobre o fortalecimento do compromisso com a democracia.

Primeiro, a notícia que o Ministro da Defesa do Brasil assinou a Carta Democrática Interamericana, 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, que diz em seu artigo de abertura: "Os povos da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la". Ainda que a carta esteja mais endereçada ao protesto contra a invasão e a guerra na Ucrânia, também serve ao nosso caso.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/07/28/ministros-da-defesa-assinam-carta-por-paz-e-democracia-brasil-faz-ressalva-em-trecho-sobre-ucrania.ghtml

(Façamos um parêntese, para lembrar que durante anos, depois da redemocratização, até o Governo Temer, os ministros da defesa eram da sociedade civil. Vejo um caráter simbólico muito expressivo da subordinação dos ministros das forças armadas a um ministro da sociedade civil podemos nos lembrar que militar como ministro da defesa. Essa discussão precisa ser retomada por nós.)

Segundo, sobre a postagem do atual presidente em resposta à Carta aos brasileiros. Muito legal o texto de Uirá Machado da Folha.

 

Ele escreve, retomando as palavras do Prof. da USP Godofredo da Silva Teles Júnior,  na carta aos brasileiros em 1977, ao responder às explicações de Geisel sobre as medidas tomadas em 1977:

"Como cultores da ciência do direito e do Estado, nós nos recusamos, de uma vez por todas, a aceitar a falsificação dos conceitos. Para nós a ditadura se chama ditadura, e a democracia se chama democracia".

(...)

Torcer o sentido das palavras é estratégia manjada de governantes autoritários. Basta lembrar de George Orwell e seu clássico "1984". Publicado em 1949, a distopia retrata um regime totalitário que tem no Ministério da Verdade o órgão responsável por reescrever a história em termos favoráveis ao governo.

É inevitável pensar em Goffredo e na "falsificação dos conceitos" diante do manifesto de Bolsonaro, um tuíte que não esconde o punhado de deboche, a pitada de ironia (...).

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/tuite-de-bolsonaro-sobre-democracia-ecoa-ataque-de-militares-a-ditadura-da-oposicao-em-1977.shtml

Faço dessas palavras dele as minhas hoje.

Você já assinou a Carta aos brasileiros? Já compartilhou?  

 

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