Faltam 13 dias para as eleições municipais de 2024: ainda dá tempo para integrar as eleições à emergência climática
Faltam 13 dias para as eleições municipais de 2024: ainda dá tempo para integrar o tema das eleições à emergência climática
Emergência climática e eleições
Nesse retorno à publicação sistemática no blog e nas minhas redes sociais, a prioridade de agora será para as eleições e para a conexão com um assunto que é gravíssimo. Carlos Nobre, climatologista respeitado internacionalmente, afirmou em entrevista ao Estadão (11/9/2024) estar “apavorado” diante da rapidez do avanço da crise climática. Então, parece razoável, concentrarmos nessa interface: eleições e crise climática.
Segundo o cientista, já ultrapassamos a marca de aquecimento de 1,5º C em relação ao período pré-industrial. Como esse era o patamar esperado acontecer apenas em 2050, são urgentes medidas drásticas, pois o processo pode se tornar rapidamente irreversível. E alerta que, se nós não zerarmos as emissões de gases de efeito estufa agora, podemos chegar a 2050 com aumento de 2,5º C, o que seria catastrófico para a vida no planeta. Nós estamos falando de 25 anos à frente.
É apavorante mesmo. Mas, com a visualização de possível fim de linha para a humanidade, talvez possamos ver ações e medidas sendo tomadas mais rapidamente. No vídeo a seguir, o cientista aponta os riscos que corremos e apresenta sugestões de alguns caminhos, chamando atenção para ações inovadoras, inclusive para essas eleições de 2024.
https://www.youtube.com/watch?v=ZGNJ6jLIz84&t=680s
E as campanhas eleitorais, o que estamos vendo e o que podemos fazer?
Ao contrário da seriedade das informações que o cientista traz, nas campanhas eleitorais, pelas quais nós pagamos 4,9 bilhões de reais este ano, vemos em geral narrativas simplistas, manipuladoras, cheias de promessas vazias e muitas vezes agressivas. Aliás, tem sido difícil até mesmo acessar um conjunto mínimo de informações úteis sobre os candidatos a prefeitos. Mais difícil é conhecer os candidatos a vereador. Parece piada de mal gosto a forma com que a maioria desses candidatos tenta chamar a atenção dos eleitores.
O que podemos fazer?
1) Votar conscientemente em candidatos que se declarem comprometidos com a causa ambiental e com projetos concretos que possam contribuir com a reversão da crise climática.
2) Fazer pressão para que os candidatos a prefeitos se comprometam em adesão ao Programa Cidades Sustentáveis
Voto consciente - o Tribunal Superior Eleitoral faz uma campanha para o voto consciente:
“O termo pode fazer referência à importância de formular a decisão de escolha do voto a partir de informações adequadas e verdadeiras sobre tudo o que envolve o cargo público e as candidaturas. Trata-se de ter em seu voto um sentimento de coletividade, de propostas que auxiliam a sociedade como um todo, que não privilegiem vantagens pessoais e que evidencie que determinada candidata ou candidato esteja mais próximo (a) de ser um(a) representante responsável para o interesse público de maneira ampla e seguindo as leis que regem o país.”
(2024_tse_guia_voto_consciente.pdf)
Apesar de ser um documento resumido, podemos destacar algumas ideias principais:
a) A eleição é feita por todos nós – Essa premissa desvaloriza a abstenção, o voto em branco e o voto nulo, que apenas enfraquecem a democracia, sem afetar diretamente o resultado ou mudar o cenário de representatividade. Segundo o site Politize, o índice médio de abstenção no Brasil cresce ano a ano desde 2006, tendo atingido 20,9% em 2022. Isso significa que 1 em cada 5 brasileiros com direito a voto está abdicando desse direito. Somando os votos em branco e nulo (4,4%) em 2022, chegamos a 25% de eleitores que optaram por não participar do processo, deixando a decisão para outros grupos. Quem mais se abstém no Brasil? Segundo o site, os marginalizados, os mais pobres e os menos letrados. Eles representam mais de 50% dos que se abstêm.
https://www.politize.com.br/abstencao-nas-eleicoes/
b) Escolha a partir de informações adequadas e verdadeiras
Essa premissa combate o voto de cabresto e o comércio do voto, além de enfrentar a manipulação deliberada de políticos poderosos, marqueteiros inescrupulosos e Fake News.
Apesar de ser um crime eleitoral, a compra de votos e o voto de cabresto continuam sendo realidade no Brasil. Veja os vídeos a seguir e aprenda a se defender dessas formas perversas de manipulação:
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=T3gcyNKpiBs
https://www.youtube.com/watch?v=VbrR9MWrXxY
De forma sutil, também perdemos nossa autonomia quando permitimos que outras pessoas influenciem nosso voto, sem que tenhamos informações adequadas e verdadeiras sobre o cargo e o candidato.
Portanto, agimos com autonomia e evitamos ser manipulados quando conhecemos nossa linha ideológica, identificamos os principais problemas coletivos e nos informamos sobre os programas dos candidatos. Muitos de nós já conhecem a própria linha ideológica, seja conservador (centro e direita) ou progressista (esquerda). Se quiser fazer um teste, há vários disponíveis na internet. Fiz um para testar e, embora eu me considere de esquerda, o resultado foi social-democrata! Se quiser fazer, vá em frente, mas não leve tão a sério, valorize muito o que você pensa sobre você mesmo frente às ideologias.
https://especiais.gazetadopovo.com.br/quiz-politico-ideologico/
E como conhecer os partidos? Quais são as linhas ideológicas?
Veja a matéria que escrevi em 22/9/2022 e tire as suas dúvidas: https://www.leicegarcia.com/news/ideologias-e-partidos-polticos-1
Conhecidas as linhas ideológicas e o alinhamento entre você como eleitor e os partidos políticos é hora de olhar os programas de governo. Onde achar? Todos os programas de governo podem ser consultados por qualquer eleitor no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no link:
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/home
Vá à sua região e clique em candidaturas, em seguida selecione o seu município e o cargo. Pela minha linha ideológica, seleciono apenas duas candidaturas. Em cada candidatura, selecione, “concorrendo”. No meu caso, demorei muito a acessar o plano de governo, porque estava procurando o termo “plano de governo”, que não existe. Mas, depois de 1 hora, descubro que não é assim que aparece, o que aprece é a palavra “proposta”. Então, clique em “proposta”, que o arquivo baixa: o “plano de governo” abre automaticamente. Podia ser diferente, mas é assim... e fiz o trabalho árduo, abrindo o caminho para vocês.
Agora que temos os programas de nossos candidatos a prefeitos em potencial, quais são os nossos critérios?
c) Exercitando o voto consciente
Neste ano, meus critérios serão relacionados à questão da emergência climática. Vou apoiar candidaturas que tenham projetos concretos que possam contribuir com a reversão da crise climática. Procuro as palavras “ODS”, “ambiente”, “sustentabilidade”, “crise climática”. Pesquisei em duas cidades, nas quais lidero observatórios sociais.
Em BH, quando abro os dois planos de governo de candidatos que ideologicamente me agradam, não me resta a menor dúvida em quem pelos meus critérios devo votar. Em Brumadinho vou renunciar à linha ideológica e alargar um pouco minhas possibilidades, pois restrições nesse sentido me dificultariam a vida de eleitora. Opto por selecionar 3 candidatos. Dois realmente estão por demais fora do meu espectro ideológico. Nenhum programa apresenta um detalhamento mínimo sobre o problema ambiental e apresenta proposta frente à crise climática. O que fazer? Apoiar a adesão ao Programa Cidades Sustentáveis. Vamos falar disso na próxima matéria..