Assédio na Caixa
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Faltam 88 dias para 2/10. A proposta de hoje é provocar os amigos para que consigamos pensar em como podemos enfrentar o problema da (des)confiança no Brasil.
Vamos pensar no que podemos fazer, por exemplo, no caso do ex-presidente da Caixa Econômica. O pedido de demissão feito em 29/6 e as possíveis consequências a partir das apurações em curso não resolvem o problema se quisermos ser uma sociedade que quer crescer em confiança. Se não fizermos nada, ficará por isso mesmo. Uma condenação que quase sempre é proforma ou, na melhor das hipóteses, incidirá sobre o indivíduo. Isso não melhora nossas perspectivas em termos de legitimidade do espaço público e da coesão social, altamente dependente da confiança interpessoal.
Quais são as acusações que pesam sobre ele: assédio e ganhos ilegais em 21 cargos em conselhos de administração de entidades ligadas à Caixa, tornando possível um salário de mais de 230 mil reais (a lei permite a acumulação de apenas 2).
O que precisamos? Primeiro que a autoridade máxima venha a público pedir desculpas e dizer que, no âmbito do Estado, ações como as que pesam sobre o ex-presidente não são admitidas. Também deve explicar por que as instituições de controle falharam no caso da acumulação imprópria e irregular. Falharam a Auditoria Interna da Caixa, a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União. Também seria esperado que, além da autoridade máxima, essas mesmas instituições também viessem a público para dizer onde os procedimentos de controle falharam, como seriam aprimorados e trazer evidências confiáveis dessas novas possibilidades.
Dos advogados seria esperado que defendessem seu cliente dentro dos direitos de alguém que está sendo acusado e que irá enfrentar processos, mas não afirmativas que tentam simplesmente desmentir/deslegitimar as acusações. Essa postura reforça a imagem de um país onde a mentira/negação dos fatos pode sempre estar a espreita, ou seja, está de um lado ou está do outro.
Mas não vão fazer nada disso, a menos que nos insurjamos. E penso que isso pode ser feito, especialmente, nas redes sociais. Por exemplo, sobre o caso Caixa, podemos massivamente propagar duas ideias: 1) não admitimos assédio sexual em instituições públicas e a presidência nos deve desculpas; 2) onde estavam a auditoria da Caixa e as instituições de controle que não viram acumulação de 21 cargos? Será que você tem uma ideia? Vamos agir juntos?