A possibilidade do bem comum

18/7

Faltam 76 dias para 2/10. Hoje minha reflexão é sobre sociedade civil, para terminar a configuração do campo de poder do modelo de Estado contemporâneo.

Gosto das visões que trazem um entendimento da sociedade civil como um espaço social, cuja existência e autonomia dependem da distinção em relação ao Estado, ao mercado ou a outros campos. Penso que são um pouco reducionistas as visões que entendem a sociedade civil como o conjunto das organizações da sociedade civil que se articula para a coprodução do bem comum em cooperação com o Estado ou para resistir, em estratégias de competição de visão e divisão de bem comum, em relação ao mercado e ao Estado. Com o conceito mais abrangente, a população que tem atividade política, social ou econômica, participa da sociedade civil, em maior ou menor grau.

E qual a lógica desse campo? Eu penso que é luta por direitos, em outras palavras luta pelo bem-comum. Além de todos nós, cidadãos e cidadãs, penso que todos os campos que estejam fora do mercado, política e burocracia integram o espaço social da sociedade civil e devem cooperar com o seu fortalecimento.

Vários pensadores e cientistas consideram que bem-comum não existe. Eu gosto muito das visões que afirmam que a vantagem do Estado moderno reside no fato de ter sido o primeiro modelo de Estado a fazer a declaração oficial que nos daria o bem-comum (para todos e todas) como troca por aceitarmos nos sujeitarmos à sua dominação legítima e monopolista. Estando declarado, podemos disputar e tornar concreto o que está no papel.

E como fazer para acertarmos mais nessa disputa? Compreendendo o que somos e conhecendo as nossas conexões , para jogarmos com mais possibilidade de efeito positivo:

a)     Sociedade Civil/Mercado – Ainda que exista muita complexidade em volta, duas coisas do mercado interessam sobremaneira à sociedade civil: consumo de bons produtos e serviços e meio de subsistência (emprego, ocupação, salário)  

b)    Sociedade Civil/Burocracia – Da mesma forma, resumidamente, podemos dizer que a sociedade civil quer bons serviços públicos e acesso à justiça.

c)     Sociedade Civil/Política - A sociedade civil pleiteia dos políticos capacidade de gerar um pacto que facilite a sua vida e, ao mesmo tempo, traga mais civilidade e mais felicidade à maioria das pessoas.

 E como fazermos para produzir efeitos a partir dessas interfaces agora nas eleições? Nada fácil. Mas se pelo menos conseguirmos que se nós nos distanciarmos do comportamento de torcida organizada já teríamos o que comemorar.

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