A Eleição de 2018 e a histeria da corrupção
21/7
Faltam 73 dias para 2/10. Hoje vou buscar o fio da meada para continuar a investigar como nos posicionar melhor nessas eleições, para construir possibilidades concretas de mudança. No início, a atenção foi para grandes desafios do nosso país:
1. Insuficiente compromisso com a verdade, gerando falseamento e deslealdade
2. Apoio ao autoritarismo em nível suficiente para ameaçar a democracia brasileira
3. Confusão ideológica e ligação da esquerda ao comunismo
4. Partidos políticos frágeis e crise política, especialmente após a lava-jato
5. Instituições democráticas frágeis e políticas públicas pouco efetivas
6. Falta de confiança e de coesão social
7. Falta de compromisso com meio ambiente
8. Elevado nível de corrupção sistêmica
9. Elevado nível de desigualdade social
10. Crescimento recente da pobreza e da fome
11. Violência urbana e policial, armamento e insegurança coletiva
Com dados estatísticos, mostramos que não estamos avançamos na solução dos nossos mais profundos problemas estruturais. Ao contrário, estamos regredindo desde 2014. E foi perguntado por que, ao invés de enfrentar de frente esses problemas, criamos um contexto político que nos fez retroceder muito, em todos os indicadores econômicos e sociais, nesses últimos 6 anos?
Vimos que não há resposta simples. Na esteira da pergunta, mostramos que o campo de poder, de forma simplificada, pode ser representado pelas relações de disputas e interesses entre mercado, burocracia pública, política e sociedade civil. Percebemos que o equilíbrio, ainda que perverso, desse campo de poder, existente antes de 2014, sofreu grandes rupturas com a lava-jato. O campo da política e parte do campo do mercado (grandes empresas) foram expostos em suas práticas espúrias por integrantes do campo burocrático. Como foram eventos pontuais e carregados de interesses personalistas, ao invés de avançarmos, retrocedemos porque os “remédios” estavam contaminados dos mesmos males aos quais eles prometiam curar. Mas como isso aconteceu?
Acho que podemos dizer que os movimentos da sociedade civil em 2013 foram um divisor de águas. Logo depois, com o campo político ainda atônito, houve a aprovação de duas leis fundamentais para a lava-jato: a lei anticorrupção e a lei da cooperação premiada (delação premiada). Fortalecida e instrumentalizada, a burocracia pública inicia a lava-jato, provocando grande crise no campo político e na economia. Como o PT estava no governo há cerca de 12 anos, o partido foi profundamente afetado desde o início; o campo político se dividiu, com a direita tentando aproveitar para ganhar espaço político. Após o impedimento da Presidente, as disputas de interesses chegam à burocracia e também o PSDB foi duramente atingido, para não falar nos partidos de centro, também afetados desde o início.
O tema da corrupção, levado à histeria coletiva, se tornou o elemento definitivo para a eleição de 2018. A escolha teve a cor da crise e pode ser debitada à conta da fragmentação do campo de poder. O governo que dela decorreu é, em si, um governo fraco, que não tem condição alguma da representar a sociedade civil e de conseguir consensos entre os demais campos, para alcançar resultados positivos para o país.
Coloco para nós dois desafios. O primeiro me parece mais fácil: fundamentados nos critérios derivado dos grandes problemas do Brasil, mostrar quais candidatos têm chance de auxiliar na superação desses problemas. O segundo é mais difícil: apontar caminhos para um pacto de cooperação no campo de poder, com centralidade da sociedade civil, dado que este é o campo que funciona na lógica da disputa pelo bem comum.