Falseamento e Deslealdade

22/7

Faltam 72 dias para 2/10. Nas reflexões que consegui trazer até agora, fui muito influenciada pelo olhar da sociologia. Agora vou utilizar também o livro Povo, Poder e Lucro (Capitalismo progressista para uma era do descontentamento), publicado em 2020 por Joseph E. Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2001, para enfrentar os temas levantados incorporando também a visão da chamada economia de mercado progressista.

E começo com uma citação que tem a ver com o problema “Insuficiente compromisso com a verdade, gerando falseamento e deslealdade”. Ele, já no prefácio de sua obra mais recente, afirma que a história econômica mostra que riqueza de uma nação repousa sobre dois pilares: aumento do conhecimento e aumento da organização geral da sociedade. Se o aumento do conhecimento deriva de investimentos, especialmente estatal, em ciência e tecnologia, o aumento da organização geral depende compromisso com a verdade:

“O projeto de uma boa organização social é fruto de décadas de raciocínio e deliberação, além de observações empíricas, sobre o que funciona ou não. Elas levaram a visões sobre a importância das democracias, com estado de direito, devido processo legal, freios e contrapesos e uma miríade de instituições envolvidas na descoberta, avaliação e divulgação da verdade” (pg. 32).

Sei que existe o ceticismo, uma corrente filosófica, considera impossível chegarmos à verdade. Mas o objetivo aqui é funcional, estamos falando tão somente da correspondência coerente entre fato e discurso.   Assim, por verdade podemos admitir o conceito filosófico mais antigo e mais difundido para o termo: correspondência, que afirma “verdadeiro é o discurso que diz as coisas como elas são; falso é o que as diz como elas não são” ou “um enunciado é verdadeiro quando (Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano).  

Mais recentemente, na contramão da verdade, estamos às voltas com a enfrentamento do surgimento da era da pós-verdade, que é “na realidade a era do engano e da mentira, mas a novidade associada a esse neologismo consiste na popularização das crenças falsas e na facilidade para fazer com que os boatos prosperem”.

https://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/16/internacional/1479308638_931299.html?rel=mas

Nessa semana, o convite será identificarmos exemplos instituições que estão lutando para descobrir, avaliar e divulgar as verdades no Brasil e exemplos de pós-verdades. Estou convencida de que o exercício pode nos ajudar no fortalecimento da sociedade brasileira.