Lembrando a luta pela redemocratização
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Faltam 56 dias para 2/10. Todos sabem que a Carta aos brasileiros e brasileiras em defesa do Estado Democrático de Direito foi inspirada na carta lida na Faculdade de Direito da USP em 8 de agosto de 1977, em repúdio à ditadura militar. A força desse paralelo com o que está em jogo nos dias de hoje no Brasil se revela no volume de assinaturas que já se aproxima de 1 milhão.
E aí não tem jeito. Vem-me à memória o “ 1 milhão de pessoas” na Candelária, no Rio de Janeiro, em defesa das “Diretas Já”. E sonho que, de novo, tenhamos um milhão de pessoas nos atos do próximo dia 11. Resolvo então pesquisar sobre o que explica a mobilização conseguida naquele evento.
Como eu, naquela época uma jovem de 27 anos, estava na Candelária naquele Comício de 10/4/1984, achava que conhecia a sua história. Ledo engano! Descubro que há uma disputa de narrativas entre os partidos políticos sobre qual a iniciativa foi o ponto de partida da campanha, o que não tem mesmo grande importância. Como disse Lucília Delgado em artigo de 2007, todas as iniciativas compuseram um único processo que tomou a conformação de movimento de base popular, acoplado a um projeto institucional da Câmara dos Deputados, que alcançou repercussão inédita no país. Descubro também que, logo depois, no dia 13/4/1984 em São Paulo, também as pessoas foram contadas por número na casa do milhão, superando a marca grandiosa do Rio.
https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548210564_84d38c9cfe41bf5923ff197bcd787740.pdf
E penso, será que estamos novamente diante desse “gene” que entra dentro da gente e nos impulsiona a defender o respeito à democracia e às instituições democráticas? Sinto em mim, quase 40 anos depois, uma força chegando que me impulsiona w que foi retratada de forma tão bonita na citação da fala de Osmar Santos (conhecido como o “locutor das diretas):
“A campanha das diretas já começou pequena, delicada, com a sutileza das ideias gene. E se transformou num oceano, num mar de gente espalhado pelas praças do país afora. A sensação de estar diante de um milhão de pessoas unidas pelo mesmo objetivo é indescritível. E significou a maior emoção de minha vida. Como se estivesse gritando gol um milhão de vezes, gol do meu povo, de minha gente.
E que goooooooooooo!!!!!!!!!!”
(Delgado, 2007)
Sinto que o governante atual do Brasil e as pessoas que flertam com o autoritarismo precisam ouvir novamente o grito e ver a força que emerge de milhões de pessoas que se unem em um único objetivo. Por isso, penso que temos que dizer sim às convocatórias para os atos do dia 11.
Vamos deixar claro que desejamos ver em um mesmo palanque representantes de todos os segmentos sociais e de todas as ideologias, com o propósito de dizerem em alto e bom som que se comprometem com a defesa do Estado Democrático de Direito.
Ótimo final de domingo!
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