Desigualdade e construção social

28/6

Faltam 96 dias para 2/10. Hoje refletirei sobre desigualdade, construção social e escolhas coletivas. Por conta da nossa condição humana, quase sempre confundimos a condição que resulta da construção social, como experiência humana, com o que as coisas são em essência. Isso significa que cristalizamos realidades sociais como se naturais fossem, como se expressassem características naturais e diferenciadoras do humano, de raça, de gênero, de profissões, dentre outros.

 Assim, por exemplo, aceitamos a competição extremada do capitalismo contemporâneo como fundamento do comportamento humano, ao invés da resgatar a cooperação que vem como caraterística originária da vida. Penso que a cooperação pode ser colocada no extremo oposto à competição, para formar uma dualidade capaz de promover as bases de um possível equilíbrio onde a vida em sociedade se torna mais adequada.

Sem a visão do todo, teremos atitudes limitadoras da construção da realidade social, ao confundirmos um recorte temporal da realidade com o que é ou com o que desejamos para a nossa sociedade. Assim, ao invés de compreendermos os desafios da realidade da pobreza, da devastação da cultura indígena, do paradoxo que cerca o trabalho doméstico no Brasil, do horror da violência ou do risco da navalha da moral pequena, somos às vezes tragados como massa de manobra e corremos o risco de falar ou ouvir frases que sustentam o fel da vida.

 Quantos vezes você ouviu alguém dizer

... é pobre porque quer, não gosta de trabalhar?

... índio é preguiçoso, só sabe beber cachaça?

... não encontro mais doméstica em casa por conta do Bolsa Família?

... bandido bom é bandido morto?

... prefiro homem para dirigir a empresa?

... mulher que se respeita não é estuprada?

Portanto, a fim de construir um futuro melhor, penso que precisamos combater essas crenças limitadoras, olhar para a realidade que criamos, por mais dura que ela seja, e termos coragem de mudar o nosso olhar para que tenhamos condições de fazer boas escolhas conscientes em nossas vidas e, claro, também nas próximas eleições.

Sugiro a aula da prof. Elisa Reis da UFRJ como instrumento de estruturação de nossas referências! São só 30 minutos:

https://www.youtube.com/watch?v=SB6RgX86KXw

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