A pele cívica dos brasileiros

13/8/2022

Faltam 50 dias para 2/10. O silêncio da mídia permanece sobre o dia 11. Fala-se mais da pesquisa eleitoral da Genial/Quaest em São Paulo.

Será que dá para pensarmos que a democracia se tornou a pele cívica dos brasileiros, como afirmou a imprensa no dia 11? Será que a valorização e o respeito pela democracia se tornaram critério para a escolha do candidato? Particularmente, penso que não.

Ainda que simbolicamente seja muito bom falarmos que foi um feito e tanto a Carta às Brasileiras e Brasileiros ter alcançado 1 milhão de assinaturas, melhor ainda pensarmos que temos cerca de 156 milhões de eleitoras e eleitores. Assim, temos 1 que assinou, para 155 que não assinaram. 

Se pensarmos que a Carta buscava colocar um limite para os arroubos e as ameaças do atual presidente ao Estado Democrático de Direito, então seria natural pensar que 30 % desse colégio eleitoral realmente não assinassem. Isso seria cerca de 45 milhões de pessoas. E o restante dos 110 milhões, por que não assinou?

Pela última pesquisa da Datafolha, que saiu há 1 hora, temos o seguinte ranking:

https://www.opovo.com.br/.../datafolha-registra-nova...

Lula 47%

Bolsonaro 29%.

Ciro Gomes 8%

Simone Tebet 2%

Brancos e nulos 5%

Não sabem 3%.

Se as pesquisas estiverem certas, eleitores de 3 candidatos que assinaram a carta, (Lula, Ciro e Simone) somados, atingiriam 57%, ou seja, 89,9 milhões. Se o G1 estiver certo, de que menos de 1/3 da população brasileira tem acesso pleno à internet, chegaríamos a um potencial de quase 30 milhões de assinaturas.

https://g1.globo.com/.../menos-de-um-terco-da-populacao...

Essa brincadeira com os números e com a lógica serviu para trazer duas ideias: 1) o otimismo simbólico da carta é interessante, mas não tem força em si para indicar comportamentos futuros dos brasileiros; 2) pela recentíssima pesquisa da Datafolha, nem a carta e nem as benécias em auxílios que o atual presidente tem tirado da cartola mudaram a intenção de votos. Lula continua bem à frente, com possibilidade de uma vitória no primeiro turno, ainda que improvável.

Amanhã, pesquisarei sobre modelos que tentam explicar como fazemos as nossas escolhas eleitorais. Vou apostar que a racionalidade não é o mais fundamental.

 

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